Pragmático QB

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sábado, 28 de novembro de 2015

FC Porto 0 vs Dinamo Kiev 2 - 24.11.2016 - Liga dos Campeões

A derrota à distância de um empate.

Do céu ao inferno em 90 minutos, este poderia ser o resumo do jogo de ontem no Dragão. Um jogo que tinha tudo ou quase tudo para ser a celebração da passagem (mais uma) para os oitavos-de-final da Champions com um aparente e teóricamente acessível empate, tornou-se numa das maiores desilusões da época, com uma derrota justa. Foi seguramente um dos piores jogos da época, senão o pior, e vozes e dedos incriminadores voltam a apontar para o nosso Mister. Tudo e mais alguma coisa se tem dito e escrito acerca do jogo de ontem e é nestas alturas que facilmente percebemos que no futebol, o treinador e equipa passam por diferentes análises e criticas a uma velocidade superior à do Bolt. Ontem perdemos bem, o treinador óbviamente que tem parte da culpa, mas depois de assistirmos a um jogo onde metade da equipa foi miserável, estar a apontar o foco incriminador para Lopetegui, parece-me intelectualmente desonesto.

Há uma expressão que aprecio bastante que basicamente diz que "se fizermos o totobola no final dos jogos, acertamos nos resultados todos". Eu não tenho acesso privilegiado à equipa, nem a tudo o que vai para além do que leio nos jornais e do que vejo no conforto do meu sofá durante os 90 minutos de cada jogo, por isso não sei se o Maxi saiu ao intervalo por questões físicas, nem se o André começou no banco por essas mesmas razões, nem se o Lopetegui tinha a pressão da direcção para ganhar o jogo e não empatar, por questões óbviamente financeiras. Não sei nada disso, o que sei é que o Porto se apresentou ontem no seu habitual 4-3-3, com 2 extremos abertos nas alas, com um trinco, com 2 médios centro e os 4 habituais defesas, isso eu sei e também sei que este é o esquema habitual do Porto. Sei também que na época passada quando ganhamos ao Bayern em casa jogamos em 4-3-3, com 2 extremos nas alas, exactamente como jogamos ontem. Isto tudo para dizer que não é porque em alguns jogos Lopetegui reforçou o meio campo com 4 elementos, que terá de o fazer sempre em todos os jogos da Champions. André tem sido o jogador fetiche de Lopetegui, Maxi foi contratado para substituir Danilo e a sua titularidade tem sido intocável e inquestionável, com estes dados será honesto dizer que o português ficou no banco e Maxi saiu ao intervalo por uma simples opção táctica do treinador? Não sei.

Partindo do principio de que todos os jogadores estavam aptos fisicamente, e depois das indicações dadas no jogo da Taça com o Angrense, há para mim uma surpresa no onze inicial que Lopetegui escolheu para o jogo com o Dinamo, que é o André no banco, não para fazer de extremo mas para ser um dos 3 do meio-campo. O Porto entrou nem no jogo e foi Danilo o primeiro a abrir os embrulhos com um remate logo aos 3 minutos, depois de excelente recuperação de bola. A equipa dominava territorialmente mas só conseguia ameaçar a baliza de Shovkovskiy através de remates de fora-da-área, primeiro por Brahimi e depois por Imbula. O minuto 20 marcou a fronteira entre um jogo perfeitamente controlado e uma completamente e constantemente perdida em campo. O Dinamo tomou conta do jogo, Yarmolenko passeava a sua classe na invicta e as oportunidades para os ucranianos foram surgindo, primeiro numa cabeçada ao poste seguida de recarga que passou pertíssimo do poste direito de Casillas e depois num lance que o Carballo decidiu marcar penálti mas que me pareceu demasiado forçado. O que se conseguiu fazer até ao intervalo, estancar o sangue, fazer o curativo e impedir que a ferida agravasse. Maxi sai ao intervalo numa decisão polémica de Lopetegui, Danilo desce para central, Indi vai para a esquerda e Layún passa para a direita. Uma decisão um pouco radical mas que significava que Lopetegui queria ganhar o jogo a todo custo. O Porto volta a entrar bem no jogo, o André reclamou um penálti aos 53 minutos num lance que para mim é tão merecedor de falta como o outro assinalado pelo Carballo na primeira parte. A equipa estava forte mas como o futebol não é uma ciência exacta, assim como para caminhares tens de gatinhar primeiro, o Porto não só não conseguiu empatar o jogo, como acabou por levar o segundo soco no queixo que o levou completamente ao tapete. Aos 67 minutos Lopetegui põe a carne toda no assador com as entradas de Osvaldo e Corona para os lugares de Imbula e Brahimi mas mas como se  viu a carne ficou crua e mal saborosa. 2 bolas aos ferros em 2 lances de muito coração e pouca cabeça, foram disfarçando e adiando o inevitável e penoso final de jogo de uma equipa completamente destroçada.

As contas finais deste grupo são fáceis de fazer, ou seja, o Porto não pode fazer pior do que fará o Dinamo em casa com o Maccabi para passar à próxima fase. As portas da Liga Europa estão abertas e o papelinho com o nome FC Porto já está dentro da bola que fará parte do sorteio, por isso cabe à equipa e treinador jogar de forma completamente diferente e ir a Stanford Bridge fazer um jogo épico.


André - O MVP da partida. Os meus pontos positivos começam e acabam no médio português. A sua entrada mexeu positivamente com a equipa, embora sem resultados práticos. Começou no banco por problemas físicos, ou simplesmente porque Lopetegui achou que o nosso melhor jogador até à data não merecia a titularidade. Esteve nos únicos 3 lances perigosos da equipa, no penalti não assinalado e nas 2 bolas nos ferros, o que diz bem da importância da sua entrada em campo.


Não consegues individualizar quando tens mais de metade da equipa a jogar de forma sofrível. Casillas, Layún, Rúben, Brahimi, Tello e Aboubakar jogaram mas não jogaram e Osvaldo e Corona entraram mas não entraram. Lopetegui pode e deve ser culpado pela equipa não ter jogado puto mas não deveria ser culpado por mais de metade dos jogadores terem jogado tão abaixo do que são capazes.




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