Pragmático QB

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quarta-feira, 10 de fevereiro de 2016

FC Porto 1 vs Arouca 2 - 07.02.2016 - Liga Portuguesa

O insustentável hábito da derrota.

Quando o Porto recebeu o Arouca no passado domingo, só conhecia um resultado, o da vitória. 5 jogos e 5 vitórias eram o histórico de confrontos entre as 2 equipas com um simpático score de 15-3 em golos a favor do maior do mundo. Foi por isso com alguma surpresa que vimos o nosso Porto perder contra um adversário claramente inferior mas que apesar de ter a ajuda do Ruizinho Costa, fez muito por merecer a vitória. Para percebermos melhor a dimensão desta vitória dos Arouquenses, dizer que foi apenas a 2ª vitória conquistada fora de casa nesta época e a 1ª de sempre em casa de um dos 3 grandes emblemas nacionais.

É fácil perceber que algo não vai nada bem no reino do Dragão, não dá para disfarçar e nem a suada mas merecida vitória com o Estoril atenua esse facto. Nos últimos 2 meses o Porto jogou 16 vezes, perdeu 7 delas e empatou uma vez, ganhando apenas 8 desses jogos. Ok, 3 deles foram para a Taça da Liga e depois? Não são jogos para ganhar? Ou são jogos semelhantes aos da pré-época em que o mais importante não é o resultado mas sim dar rotinas e tempo de jogo a todo a plantel? 7 derrotas nos últimos 2 meses! Uma miséria. Outra coisa, então agora andamos a tentar bater os recordes dos mais rápidos golos sofridos? Em Guimarães foi aos 3:45 minutos, no Estoril aos 2:53 minutos e com o Arouca aos 10 segundos. Aceitam-se apostas para a Luz.

Peseiro escolheu um onze com as mexidas esperadas dados os castigos de Maxi e Marcano, entrando Angél e Failcon para os seus lugares. E pergunto eu, porque não a inclusão de Vitor Garcia que tão boas indicações deu nos jogos em que foi chamado? Porquê este alterar de 2 posições, quando se podia e deveria mexer numa só? Fica a questão porque para mim, o venezuelano é claramente melhor que o Angel e talvez seja melhor que Layún do lado direito. Onze inicial à parte, golo aos 10 segundos. Saída de bola da equipa do Arouca, Angél quis sair para o ataque sem a sua equipa ter a posse de bola, é comido nas costas e Failcon e Casillas naquela do "fazes tu merda ou faço eu?" optam pelo mais fácil nestas situações que é não fazer absolutamente nada e golo do Arouca. Ficam todos a olhar uns para os outros para perceber de quem era a culpa e facilmente se percebeu que não era de nenhum deles. Meu caro Angél, lembro-me perfeitamente que Cissokho não voltou a calçar depois de "um erro de cálculo" semelhante a este na Madeira. Golo mais rápido do campeonato e claro, na nossa baliza. Lei de Murphy, sempre a puta da lei deste senhor a falar mais alto. Surgiu a dúvida, vamos ter o Porto de Guimarães ou vamos ter o Porto do Estoril? O Porto inovou, tivemos uma mistura dos 2 jogos. Excelente reacção ao golo sofrido mas incapacidade total de completar a remontada. Danilo, o melhor do Porto, é o primeiro a dizer "presente", com um remate fortíssimo de fora da área que passa perto do poste. Uma grande combinação entre André, Corona e Brahimi permite o cabeceamento de Normalbakar que Bracalli defende para canto, Layún não perde tempo a marcá-lo e Normalbakar factura e estabelece o empate. Excelente reacção ao golo sofrido tal como no Estoril. O Arouca volta a criar perigo na marcação de um livre indirecto que vai parar aos pés de Nuno Coelho mas Casillas defende sem saber ler nem escrever. O jogo estava dividido e Corona tem a oportunidade de marcar o ponto, depois da melhor jogada do Porto no jogo mas Bracali volta a defender bem para canto. Angél numa tentativa de se redimir, quase marca numa jogada nada comum nele e depois de um remate forte de pé direito.  O Arouca volta a responder em contra-ataque por Mateus mas Casillas faz uma boa mancha e o resultado não se altera até ao intervalo. A 2ª parte começa com mais um falhanço de Normalbakar depois de passe do Failcon. A 2ª parte estava muito pastosa e sonolenta e foi talvez devido a algum adormecimento que o árbitro auxiliar nos surripiou um golo limpo. Para pena de todos os portistas no estádio e no resto do planeta, não tivemos a sorte de ver o Failcon ser surripiado do jogo a tempo de evitar aquela obra-prima que permitiu ao Arouca passar para frente no marcador. O que se viu na restante meia hora de jogo foi uma equipa sem chama e sem arte para mudar o rumo do jogo e do seu próprio destino. Marega tentou, Bracali negou e depois Marega e Normalbakar não conseguem dar aquele mimo na bola depois de cruzamento de Layún. O jogo acaba com uma monumental assobiadela já comum nos jogos do Porto mas o Failcon saiu de mansinho como se não fosse nada com ele. O empate com o Rio Ave que ditou a saída de Lopetegui deixou-me, acima de todos os sentimentos, com uma enorme sensação de tristeza, mas o jogo com o Arouca deixou-me num estado de tamanha indiferença que me assusta como Portista convicto que sou.

São 6 pontos de distância do duo da frente mas pelo menos para mim, parecem 66, tal a diferença de andamento do maior do mundo para os outros dois. Infelizmente o Estoril foi a excepção e não a regra de mais uma época dolorosamente longa. Segue-se o Benfas na Luz, que é o mesmo que dizer, segue-se uma viagem ao estádio do mais forte candidato ao titulo no momento actual, e não me lembro de sentir tanto receio numa visita ao castelo da mouraria. Medo, muito medo. Usando um termo que é comum na NBA em altura de playoffs, será um jogo "Win Or Go Home".


Danilo - O MVP da partida. Danilo é sem duvida alguma, uma das poucas coisas boas que a direcção do Porto fez nestes últimos anos. Grande jogo depois de ter estado por mais que uma vez perto da substituição por motivos físicos. Um bicho dentro de campo e dos poucos que não merecia esta vergonhosa derrota. Depois do que vimos, pergunto se a braçadeira de capitão não lhe ficava melhor entregue?
Reacção ao golo - O golo sofrido é uma brincadeira de crianças mas destaco a boa e rápida reacção.
Aboubakar (+/-) - É certo que o rapaz vai marcando a conta gotas mas longe vão os tempos em que um avançado do Porto bisava ou até na loucura, marcava um hat-trick. O camaronês fez 1 golo em 3 excelentes oportunidades, pouco dirão alguns, o normal dirão outros.


Maicon - O expoente máximo da derrocada portista. Fez pouco nos 69 minutos em que esteve em campo e o pouco que fez, fez mal. Exceptuando Layún, partilha da culpa no lance do primeiro golo do Arouca, tem culpa directa na paragem cerebral que resultou no 2º golo do Arouca, nova paragem cerebral quando desertou e abandonou o jogo. Admito, fiquei em estado de choque, porque à parte da qualidade técnica do Maicon, que podemos gostar mais ou menos, sempre o vi como um guerreiro.

Fotos e situações como esta, não foram há 5 ou 10 anos atrás, foram tiradas em Setembro de 2015, depois de um jogo em que Maicon deu o golo da vitória sobre o Chelsea, lesionou-se mas como qualquer bom capitão que se preze, aguentou a dor em prol da equipa e jogou até ao fim. Atitude de capitão. 5 meses depois assistimos ao mesmo jogador, numa semelhante situação de lesão ou suposta lesão, a abandonar um jogo porque sentiu o peso de um estádio em cima dele. Atitude de merda. Usando um célebre ditado popular, "com amigos destes, quem precisa de inimigos?". Não sou de radicalismos ao ponto de achar que Maicon não deve mais jogar no Porto mas sou a favor de regras, sou a favor de castigos, sou a favor de usar Maicon como exemplo para que situações como esta não se repitam.
Herrera - 12 passes errados, contei eu, não me contaram. Um médio de transição como Herrera não pode falhar 12 passes, alguns deles ridículos, outros só desfasados das capacidades do mexicano. Herrera quando não estava a falhar passes, estava a emperrar todo o jogo portista. Foi mau e pior ainda foi ter-te deixado 90 minutos em campo.
Casillas - Porque é que fico sempre com a sensação que o espanhol poderia fazer mais qualquer coisinha em todos ou quase todos os golos que sofre?
Sofrer golos cedo - 3º jogo quase consecutivo a sofrer golos antes dos 5 minutos e todos de maneira diferente. Espero que contra o Benfas não encontrem uma 4ª forma de sofrer golos no inicio do jogo.
Conclusão - Muito mais se poderia escrever acerca do que foi um dos piores jogos do Porto nestes últimos tempos. A equipa tem vontade, é uma verdade, mas vontade só não chega, vontade tem que ter o Arouca, o Feirense, o Famalicão, o Marítimo e o Guimarães, nós Porto, temos que ter muito mais do que isso cada vez que entramos em campo. Sofrer golos de merda, ter jogadores com atitudes de merda, não ganhar nada, está bem longe de ser a imagem do Futebol Clube do Porto.








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