Eu, tal como grande parte da malta, sempre joguei à bola 1/2
vezes por semana com aquele habitual grupo de amigos e/ou colegas, embora nunca
o tenha feito de forma “oficial”, por assim dizer. Embora não sendo um
Maradona, também não me considero um tosco, mas sempre gostei da parte
defensiva do jogo. Sou do tempo que o gordo ia para a baliza e os caixa d’óculos
como eu iam para a defesa nos jogos entre putos no bairro, e vai daí aprendi a
jogar à defesa e cresci admirando os defesas centrais. Esta pequena introdução
serve para chegar ao nosso defesa central, Felipe
Augusto de Almeida Monteiro (ainda por cima tem um nome totalmente português).
O nosso central está nas bocas do mundo, não do mundo
inteiro, mas do mundo da 2ª circular, não pela sua indiscutível e inegável qualidade
mas por, segundo consta, ser um jogador que actua à margem da lei, com a
agravante de ter a benevolência das equipas de arbitragem. O Felipe é um
jogador duro, impetuoso, viril, mas na onda do que deve e têm sido os jogadores
do Porto naquela posição. Defesas centrais como o Maicon (com excepção do lastimável
episódio em que abandonou o tereno de jogo), Mangala, Otamendi, Pepe, Jorge
Costa, Bruno Alves, e tanto outros, destacaram-se no Porto pelos mesmo motivos
que agora se fala do Felipe, pela forma dura de estar em campo e pelas suas qualidades.
Pelas razões que enumerei na minha pequena introdução, é um jogador que me
enche totalmente as medidas, não só nesta fase, mas desde que aterrou na Invicta.
Quando se fala do “Jogador à Porto”, Felipe é um dos nomes
que me vem imediatamente à memória. É aquele jogador que não tem medo do
choque, não tem medo do adversário, bate para que não lhe batam, tenta-se antecipar
sempre, entra de carrinho, cai e levanta-se, corta a bola, sangra do nariz ou
porque abriu a cabeça, salta mais que o avançado, corre mais que o avançado, é
melhor que o avançado. O Felipe é assim, e é por isso que eu sou fã dele. Gosto
de gajos que vão à luta, que não têm medo de perder, porque sabem que desta
forma estão mais perto de ganhar.
“Ataques ganham jogos mas as defesas ganham campeonatos”. Embora muitos a tenham dito, a frase é atribuída ao famosíssimo ex-treinador da NBA, Phil Jackson. Identifico-me com ela, porque sinto que o Yacine, Moussa, Vincent, Francisco e Jesus nos farão ganhar muitos jogos, mas será o Felipe e restante comandita, que nos vão oferecer o caneco.
Para finalizar, o circo está montado em volta do Felipe, mas
percebe-se o porquê, porque o jogo contra o 3º classificado se aproxima, porque o
Porto está forte e unido e porque este Porto do Sérgio Conceição assusta, e
sejamos honestos, ninguém gosta de viver a sua vida assustado.
PS. A título de curiosidade, importa dizer que o Felipe
nasceu num distrito de São Paulo chamado Tiradentes, que não teve vida fácil no
Corinthians, onde chegou a ser assobiado mas acabou por ser apelidado de "Felipenbauer"
e "Felipe, Sérgio Ramos de Itaquera” pelos Corintianos, e o ESPN escreveu
em 2016 o seguinte “é o defensor com maior impulsão e, segundo o departamento
de estatísticas do clube, o mais rápido também. Sua força de vontade,
determinação, seu interesse, seu esforço em melhorar e, principalmente, sua
paciência para esperar a sua vez, sem desistir, conquistaram o actual
treinador."
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